A ordem é uma espécie de cumpulsão à repetição que, uma vez instituída, decide quando, onde e como alguma coisa deve ser feita, de modo que se poupam dúvidas e hesitações em todos os casos idênticos. Os benefícios da ordem são inegáveis; ela possibilita ao homem o melhor uso do espaço e do tempo enquanto poupa suas forças psíquicas. Teríamos direito a esperar que ela se impusesse desde o início e de maneira espontânea no agir humano, e pode causar espanto que tal não seja o caso, de que o homem revela, pelo contrário, uma tendência natural para a negligência, a irregularidade e a falta de seriedade em seu trabalho, e que precisa ser educado com muito esforço para imitar os modelos celestes.
FREUD, Sigmund. O Mal-Estar na Cultura, tradução Renato Zwick. -Porto Alegre, RS: L&PM, 2010